04/08/2011

O veneno está na mesa

O VENENO ESTÁ NA MESA
É o nome do novo documentário de Silvio Tendler. Um filme dedicado a elucidar o cidadão brasileiro sobre o escândalo dos agrotóxicos no Brasil, com depoimentos de agricultores, representantes de consumidores, representantes de multinacionais e da ANVISA, nossa agência nacional de vigilância sanitária. O Brasil é lamentavelmente o país que mais consome agrotóxicos no planeta.
O que mais incomoda no entanto é a total ingenuidade ou mesmo falta de interesse com que a população brasileira trata do assunto. De certa maneira representa uma maneira de pensar que ainda vem do autoritarismo. Algo do tipo "se o governo aprovou é porque deve ser bom". E isso não tem nada a ver com a realidade.
A indústria de venenos agrícolas conta com a nossa ignorancia para aprovar. com o aval de congressistas e do alto escalão do poder executivo, substâncias de alto poder de toxicidade e proibidas no resto do planeta, para serem despejadas em nossos alimentos. Um cálculo, dividindo a quantidade de agrotóxicos usadas no Brasil pelo numero de habitantes gera o número assustador de 5,2 litros de veneno per capita.
So em uma bandeja de morangos encontraram 18 tipos de agrotóxicos!
Já esta em andamento a Campanha Nacional contra os Agrotóxicos e pela Vida, que busca a proibição de, entre outras coisas, pulverização aérea de agrotóxicos. Essa prática é um absurdo e está levando populações inteiras do interior, como a nossa Capão Bonito a uma contaminação das vias aéreas e doenças respiratórias. Acampanha também busca assinaturas para cancelar os benefícios concedidos pelo governo à indústria de agrotóxicos, isentando-os de todos os impostos. Essa ótica perversa privilegia estes produtos isentando-os de taxas, como se fossem estes venenos algo benéfico, beneficentes ou mesmo estratégicos.
A medicina já se pronuncia e o Conselho Regional de Medicina de SP já recebeu em sua sede a palestra do Dr. Michael Jansen, cientista senior da FDA (ANVISA americana). Lá se discutiram e se mostraram as ações dos agrotóxicos sobre a saúde humana da forma aguda ou crônica. Os presidentes das Sociedades Paulista de Endocrinologia e Neurologia confirmaram os achados clínicos descritos nos EUA e fizeram paralelo com a situação no Brasil.
Estamos sob esta ameaça. O veneno está na mesa. Este é o nome do documentário. Para quem usa internet é muito fácil. Basta digitar o nome do filme no You Tube e assistir ao mesmo em 4 partes. O que estamos buscando é que o consumidor brasileiro assuma que é peça principal na desarticulação desta rede de interesses, na qual a nossa saúde nada conta, menos ainda a saúde da terra. Para eles o que vale são os lucros, o dinheiro gerado pela produção..
Devemos optar pelos orgânicos, fazer feiras orgânicas locais, valorizando o produtor e permitindo que ele venda diretamente ao consumidor. Nós temos esta força estratégica e logística que vale mais que armas. Usemos nossa escolha pelo orgânico como o caminho para a libertação do estado de doença crônica que assola nossa população.
Orgânicos já!

3 comentários:

Laércio V. Almeida disse...

Obrigado pela indicação Dr. Alberto.
Destaquei alguns pontos.

Alguns agricultores quando se viram diante do resultado, insetos e passarinhos mortos pela ação do veneno, prometeram nunca mais usar os agrotóxicos nas suas lavoras.

A solução passa por antidoping nos vegetais e reestruturação teórica, prática e fornecimento de recursos financeiros para que os agricultores possam notar a potencialidade orgânica.

Interessante notar a ilusão de muitas pessoas em ingerir alimentos processados com o pensamento de que não estão ingerindo agrotóxicos. O que não é verdade, uma vez que a matéria prima está contaminada.

A contaminação é microcósmica e macrocósmica.

A quantidade permitida foi diminuída com o passar dos anos e o que isso gera é uma contaminação em longo prazo.

O estimulo fiscal (descontos entre 60% e 100% nos impostos) no uso de agrotóxico é uma prova cabal de que somos tratados apenas como uma peça no mecanismo de geração de riqueza concentrada para poucas pessoas que faturam na casa dos bilhões de dólares.

70% de nossos vegetais frescos vêm da agricultura familiar.

As multinacionais conseguiram patentear a vida.

Não perguntaram o que as plantas precisavam e sim o que a indústria química poderia fornecer.

Trabalhar com a agricultura orgânica é trabalhar com o solo vivo.

Maria do Carmo disse...

Boa noite Dr. Alberto! Estou a escrever-lhe de Portugal, sou sua admiradora...tenho acompanhado o seu trabalho através da internet. Estou tentando há alguns meses comprar o seu livro, mas dizem-me que cá esgotou. Será que não vai haver mais edições em Portugal? Desejo que continue o seu "caminho" com essa fé que demonstra... espero que a alimentação que defende seja cada vez mais a nossa realidade e desejo que um dia nos venha visitar e nos passe as suas esperiências e sabedoria. Adorava assistir a um curso seu... mas é do outro lado do atlântico! Mas quem sabe se um dia o Dr. Alberto não vem cá dar um dos seus cursos/oficinas... Bem-haja e continue o excelente trabalho que tem feito. Cumprimentos deste "cantinho português".

Leite da Terra disse...

Ola Alberto. Levei para publicar no Leite da Terra, pois infelizmente acho que podemos substituir Brasil por Portugal sem problema algum. Adorei os comentários do Láercio, seria genial um antidoping para os vegetais....

Um beijinho

Márcia

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