25/01/2011

Carnaval consciente

Este e o primeiro evento do ano 2011.  Na tradiçao milenar guarani, o ano começa após as "Águas de Março". Nossos antepassados bem sabiam que o verão era para desfrutar águas e frutas em abundância, mas o início do ano era justamente o que chamamos de Carnaval. O Brasil está certo. As coisas começam mesmo depois do Carnaval, é bom que seja assim! Venham então planejar suas vidas e agendas conosco, no Carnaval Consciente. Divulguem tambem, o evento já é um sucesso!

18/01/2011

Águas em teresópolis

ÁGUAS EM TERESÓPOLIS

Olá queridos amigos do blog

Esta carta foi veiculada pela minha querida colega Maria Luiza Nogueira, médica coordenadora do Programa "Terrapia" www.ensp.fiocruz.br/terrapia , na Fiocruz do Rio de Janeiro, onde aprendi muito do que sei sobre alimentação viva. Ela é moradora de Teresópolis e descreveu de maneira muito apropriada este momento focalizado de apocalipse.

" Decidi contar um pouco do que temos vivido aqui na serra santa! Depois de passada a grande chuva, aqui em casa estava tudo no lugar. Como não temos hábito de ouvir noticiário, nada aconteceu. Até sairmos de casa ontem para visitar a vizinhança!

Viver próximo da natureza as vezes nos assusta. Esse mar vindo do céu derretendo os topos dos morros é algo que nunca imaginei. Parece que a terra está derretendo e escorrendo sangrenta morro abaixo. Tudo vermelho, carregando árvores, casas, objetos e corpos nus.

A força das águas arrancou tudo! Corpos pendurados em muros, carros sobre as árvores e pessoas desoladas. Não há lugar para emoções e sentimentos! Não há lugar para outros pensamentos. Viver o presente e agradecer a vida dos que ficaram é mais forte! E viver a irmandade da nossa espécie, que vive momentos de riscos.

Continua chovendo e os morros estão rachados, prontos para desabarem mais. Incrível, que mesmo com toda a força das raízes, mata virgem desceu morro abaixo! Não foram só áreas de desmatamento humano que sofreram! Um desastre é um desastre. E sabemos que por muitos meses sentiremos cheiro de morte no ar!

Familias que perderam 9 pessoas de uma só vez, cemitérios abertos com escavadeira porque não dá pra enterrar um por vez. Isso para os afortunados que encontraram os corpos de seus amados, porque a maioria ainda não encontrou!

Escolhemos Vieira para atuar. Próximo da divisa com Friburgo, o vilarejo está desfigurado. Um grande mar de lama! O rio nivelou-se com a estrada e desceram cachoeiras vindo de Friburgo, carregando tudo. Casas cortadas pelo meio ou totalmente destruidas. Sem água limpa, não conseguem limpar os restos que sobraram. Falta comida e objetos de casa para começar a recompor, mesmo sabendo que as chuvas continuam.

As pessoas nem sabem receber ajuda, pois nunca viveram isso. É preciso animá-los a pegar as doações. Ficam inibidos com a situação. A igreja cheia de roupas de toda ordem! A força da solidariedade parece do tamanho das ondas do "tsunami" que veio do céu!

Lembro da trama de defesa linfática que protege nossos corpos (desculpem a comparação, coisa de médicos). Igual se juntam em torno da área afetada formando uma "rede" que fica lá até se resolver a situação! Fazemos isso também! É preciso saber que por meses essas pessoas precisarão de nossa presença e atuação até que recuperem suas próprias forças.

Há 1 mês atrás, em nossa localidade, tivemos algo próximo, atingindo 20 casas e sem mortes. A mobilização da comunidade alimentou essas familias por um mes e ajudou a reconstruir casas. Hoje estão bem e mais fortes que antes!

Assim, se alguns de vocês quiserem entrar na "rede" procurem a Defesa Civil de Teresópolis, telefone 199. Existem vários postos de recolhimento de doações espalhados na cidade e a maior concentração está no estadio do Pedrão, bem no centro! Hoje estamos indo ao Pedrão buscar mais comida para Vieira!

Agradecemos aos inúmeros telefonemas de preocupação com a gente!

Abs Maria Luiza e Jorge"



13/01/2011

Águas que curam, águas que envenenam

ÁGUAS QUE CURAM, ÁGUAS QUE ENVENENAM

A água é um elemento químico, formado por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. É uma molécula extremamente simples, funciona como um "coringa" em todos os sistemas biológicos da Terra, sejam eles orgânicos ou inorgânicos. Reage com praticamente tudo, sendo considerado o "solvente universal". É uma molécula mágica, capaz de trazer a vida e o verde a uma paisagem inóspita e desértica. Mas este mesmo elemento, em excesso ou abundância, pode arrastar casas, carros, trazendo destruição e morte.

Na água diluem-se nutrientes, enzimas e antioxidantes, capazes de atuar no íntimo de nossas células. A água participa de simplesmente todas as reações químicas que ocorrem em nosso corpo. Aliás a maior parte de nosso corpo é água.

Mas devemos lembrar que as águas também diluem e destilam venenos. E o que parece mais trágico neste fato é que a maior parte destes agentes ou mesmo os mais mortais venenos diluídos na água são invisíveis, inodoros e insípidos. Considero muito importante assistir ao filme "Erin Brockovitch, uma Mulher de Talento" com a atriz Julia Roberts. Esta obra mostra a ingenuidade da maioria das pessoas quanto ao poder mortal da água poluída por metais pesados e a sordidez dos conhecedores do assunto, em ocultá-lo para manter seus lucros.

É na água que o agricultor dilui os agrotóxicos, e através da água, estes venenos alcançam os frutos e folhas que chegam às nossas mesas, sem cheiro, invisíveis, sem gosto. Esta água com agrotóxicos pode ir fundo, até a rede formadora de sangue do nosso corpo. Os casos de leucemia em crianças e adolescentes, linfomas e câncer em jovens e adultos estão diretamente relacionados a substancias quimicas que recebemos pelos alimentos, pela água de lençóis contaminados e por produtos adicionados inadequadamente na lavoura.

Se quisermos prevenir estas doenças, cuja incidência aumenta a cada dia, devemos usar filtros de carvão ativado, filtros especiais como os de osmose reversa e mesmo outros sistemas de purificação, como a destilação. Isto, mesmo usando a água tratada.

Devemos indagar aos que nos fornecem a água mineral, normalmente cara e engarrafada. De onde vem? Como é engarrafada? Esta água recebe algum tratamento químico? Nossa ingenuidade permite, que ao ler o rótulo "água mineral", simplesmente acreditemos cegamente no que estamos bebendo e pagando.

Paranóia? Ao ler os arquivos e relatórios da Organização Mundial de Saúde e da revista internacional de Saúde Ambiental (Environmental Health Perspectives) podemos até sentir um frio na espinha. Muitas práticas e grupos inescrupulosos não hesitam em contaminar tudo o que estiver ao seu redor, conquanto possam manter seus lucros. Na agricultura o maior risco vem, por incrível que pareça, dos pequenos produtores rurais. Devemos lembrar que as frutas e hortaliças produzidas pela agricultura familiar compõe 70% da nossa dieta.

Não estou defendendo os grandes produtores do agronegócio. O que ocorre é que a fiscalização e o uso adequado de agrotóxicos é mais comum entre os grandes. Todas as práticas do agronegócio seguem protocolos, químicos e tecnológicos, controlados por agrônomos e pela própria ANVISA. Mas o que ocorre quando os agrotóxicos estão na mão dos pequenos produtores? A resposta é: NINGUÉM SABE!

Existem relatos assustadores, desde a contaminação aguda e fatal de agricultores familiares, doenças neurológicas e câncer entre crianças e jovens. Por outro lado assustadoras práticas, com aplicações em doses elevadas e sem controle, uso de agrotóxicos venenosos, condenados e banidos. Existe mesmo o tráfico de agrotóxicos proibidos. Chega-se ao ponto de aspergir fungicidas (agrotóxicos que eliminam fungos) na hora do embarque dos produtos agrícolas! Ou seja, quando compramos hortaliças, podemos receber agrotóxicos recém aplicados, no auge de seu potencial tóxico!

Eu mesmo fui envenenado em Campos do Jordão, pelo administrador inescrupuloso de um hospital. Durante um ano, recebi de sua horta - supostamente orgânica - mandioquinha, cenoura, abobrinhas, verduras e até alho e cebola, fazendo deles minhas refeições diárias - supostamente orgânicas. Ao final do ano, fiquei sabendo, através de terceiros, que ingeri grande quantidade de glifosato, o Round Up da Monsanto, ou "mata-mata", herbicida utilizado para matar ervas daninhas e evitar a capina, trabalho braçal de grande intensidade. Eu não entendia mesmo como aquela horta, do tamanho de dois campos de futebol, estava sempre muito limpa de ervas. Era o veneno, usado de forma clandestina e indiscriminada pelo vigarista. E ele tinha consciência do que estava fazendo.

Agora este produto ainda está impregnado no meu corpo, e com fé em Deus vou eliminá-lo. Mas, deixo a pergunta para os leitores. Vamos dar início a uma nova forma de ver a terra e a Terra? Nossos recursos naturais são sagrados, assim como as coisas do alto. Enquanto não despertarmos para uma nova forma de consciência, que preserve as águas, o solo, nossa atmosfera e seus filtros naturais de raios nocivos e a vida como um todo, estaremos colhendo as consequências do mal praticado.

Nós podemos consumir alimentos limpos de elementos químicos e agrotóxicos. Nós, os consumidores, podemos escolher os produtos orgânicos e certificados. Nós e os agricultores familiares podemos formar um pacto - uma rede de consumo consciente. E é o que definitivamente vamos fazer em Capão Bonito, para que o exemplo de Álvaro Sasaki e alguns poucos produtores possa se estender a todos os agricultores da nossa região. Podemos usar o lema de Barack Obama: "Sim, nós podemos".

As águas levam fertilidade e vida a uma paisagem desértica, ou levam devastação e morte por onde passam na forma de enchentes destruidoras ou gotas de veneno. A água é uma espada de dois gumes. Cabe a nós escolhermos o que faremos dela.


Alberto P. Gonzalez, médico
Consultório em Capão Bonito
Fisiocentro - (15) 3542 1848
www.doutoralberto.com






--
Alberto P. Gonzalez, médico
Alameda Araguaia, 1293, cj 304
Alphaville - São Paulo BRASIL
Tel. (11) 4195 4546 / 4500

www.doutoralberto.com

08/01/2011

A doença

A DOENÇA

Quando adoecemos, normalmente nos perguntamos "mas o que foi que eu fiz para merecer isso?". Alguns se culpam em exagero, outros se utilizam da doença adquirida como um álibi perfeito para esconder suas fraquezas e dificuldades. Dependendo da situação, podem mesmo acusar os familiares e fazê-los culpados e portanto responsáveis por aquele fenômeno: a doença.

Mas afinal, o que é a doença? Gosto de uma leitura em inglês, que analisa a palavra doença como "disease" ou seja dis (desvio) + ease (fácil). Curiosamente, quando adoecemos, nos distanciamos daquilo que era simples e fácil (a saúde) a entramos em uma entidade mais complexa e difícil (a doença). A doença é algo que deve e tem que ser muito respeitado, é importante que tenhamos um bom sistema de saúde, com remédios disponíveis, clínicos e cirurgiões habilitados, exames complementares para o diagnóstico.

Mas dentro desta visão corremos também um risco: o de percebermos a doença como algo externo a nós, algo que foi causado de fora para dentro, como se tivéssemos sido atingidos por uma "bala perdida".

A consulta médica por profissional de saúde habilitado e mesmo especializado é insubstituível. A prescrição de medicamentos de suporte e de tratamento também. Mas esta é a consulta com o médico exterior. E como atua este médico que vive dentro de nós, o médico interior?

Isso mesmo, dentro de nós existe um médico, muito hábil, muito perspicaz e preciso em seus diagnósticos. Mais do que isso, este médico interior conhece nossa história clínica como ninguém. Ele conhece nossa história emocional, nossa história mental, nossa história de vivências e atitudes, hábitos ou mesmo vícios. Após a consulta e diagnóstico com o médico externo, cabe a nós iniciar uma consulta profunda com o médico interno. Somente ele será capaz de nos mostrar as trilhas e caminhos tortuosos que percorremos em nossas vidas e fazer-nos despertar para o caminho de volta, que compreende a redenção física, mental ou mesmo espiritual daquele evento.

Não trata-se nunca de culpar-se, mas procurar entender os fatos. Desta forma podemos reorientar a rota com a qual vemos a doença, pois na verdade ela é um caminho construtivo. As doenças, em sua grande maioria, têm um significado simbólico que indicam conflitos não resolvidos na alma. Como uma ocorrência que tem um sentido, a doença pode ser entendida e também superada. A pessoa atingida pela doença dá assim um passo rumo ao amadurecimento, à libertação e à verdadeira cura.

NOVIDADES DO MÊS DE JANEIRO:

Novas oficinas:
Haverá uma turma nas quartas feiras pela manhã, das 8 às 11h e outra aos sábados, das 13 às 18h (curso condensado, em dois sábados).

As oficinas começam a partir do dia 19 de janeiro e as inscrições já estão abertas pelo telefone (15) 9639 3071 (operadora VIVO). Informações e inscrições com Maya ou Célia.

Estamos disponíveis para dúvidas sobre pães, suco verde, doces e salgados também nas sextas das 14 às 17h para orientações, receitas, dúvidas e atividades complementares.

LOCAL: AMBULATÓRIO DE ESPECIALIDADES, (na Rua 9 de Julho,177, Centro, Capão Bonito, SP)

01/01/2011

Natal em família

NATAL EM FAMILIA

“Querido Papai Noel, esse ano eu não preciso de presentes. Tudo o que eu quero é ter a minha familia reunida no Natal”.

Mariah escreveu essa cartinha e pediu que a enviasse ao endereço do Papai Noel. Calhou dela “cair” nas mãos da mamãe antes de tomar a direção do destinatário, e o desafio estava lançado. Ciente da carta, desobedeci ao primeiro pedido, pois é muito bom comprar presentes para uma filha querida.

Mas como efetivar o segundo pedido? Embora sejamos amigos, eu e a mãe dela estamos separados há quatro anos. Ela está recém iniciando um relacionamento. Eu me casei com a Maya, tive a Gabriela. Ou seja, pai e mãe originais e uma meia irmãzinha já estavam garantidos. Com Mariah já aqui, aguardávamos o casal do Rio.

E os avós? Minha mãe deixou este plano há sete anos. Meu pai está muito doente em Brasília, morando com minha irmã. Meus outros irmãos tocam suas vidas em outras cidades e estados. Ou seja, família reunida, só na imaginação!

O pai da Maya, separado dela quando ela contava com apenas três anos, uma história triste que foi resgatada, reencontrou a filha 30 anos depois! Então podíamos contar com um vovô ainda jovem, calmo, bonzinho e atencioso. O Marcos já está hospedado conosco há um mês.

Bem, já tínhamos os protagonistas do Natal “em família” que a Mariah tanto anelava.

Janaína, a mãe da Mariah e o namorado viajaram os 800 km que nos separam do Rio. Gabriela, minha caçulinha, irmãzinha por parte de pai, já estava convivendo e brincando muito com a irmã, chamando-a de “Maiá”.

Mas nossos convidados seriam, por assim dizer, “ilustres desconhecidos”. Como criar um clima de família? Passei a tarde arrumando a sala, ajeitando a árvore de Natal, mudando alguns móveis de lugar e preparando uma ferramenta, que acabou por ser a estrela da festa: liguei o computador no YouTube e joguei para o monitor de TV. Poder-se-ia assim acessar qualquer música, cantada por intérpretes famosos ou não. Dessa maneira desafiaria os convidados a escolher uma música e dedicar a um dos presentes.

O casal carioca chegou com um empadão de palmito. A gente já tinha salada, suco de uva e arroz. A mesa de jantar para estava muito bonita, pronta para receber o convidado mais especial, o Nazareno.
Eu dediquei a música da “Baratinha” para a Gabriela, que dançou muito, a “Aquarela” de Toquinho para a Mariah, que acompanhou com a flauta doce e “É Primavera” do Tim Maia para a querida Maya. Ela por sua vez dedicou uma linda música para seu pai. Foram várias outras músicas, dedicadas com amor, de alguém para alguém. Criou-se um clima ameno e, com luzes suaves, chegamos ao fim desta linda noite, abrindo os presentes.

Havíamos atendido ao pedido de Mariah! Papai, mamãe, um avô que não é de sangue, que não se via há trinta anos, uma irmãzinha que chegou há pouco, a companheira do pai e o companheiro da mãe. Uma família diferente, porém unida por um laço invisível, havia habitado aquela sala, para festejar o nascimento de Jesus.

O Anjo do Amor visitou nossa casa. Ficou clara a percepção que somos todos uma grande família humana, todos filhos do mesmo Pai e da mesma Mãe.

Às oito da manhã, já estava Mariah dentro do carro, voltando para o Rio. Enquanto o carro subia a Rua Coronel Ernestino, eu acenava até que se perdesse de vista. Gabriela, agarrada à grade do portão se divertia com a cena e dizia “tsau, tsau”.

Um senhor de cabelos brancos passava pela rua, viu a graça da menininha e passou-lhe a mão na cabecinha, dizendo “Feliz Natal”, ao que ela respondeu: “Vovô?”.